
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta quinta-feira (3) que, embora o Brasil tenha sido atingido pela menor alíquota do novo pacote tarifário dos Estados Unidos — fixada em 10% pelo presidente Donald Trump —, a medida continua sendo injusta e prejudicial ao país. Em entrevista ao Blog do Magno, Alckmin elogiou a aprovação do Projeto de Lei da Reciprocidade pelo Congresso, que permite ao Brasil reagir a sanções econômicas estrangeiras, mas descartou a intenção do governo de utilizá-lo neste momento. “Não pretendemos usá-la, o que queremos fazer é diálogo e negociação”, declarou.
Segundo Alckmin, o Brasil tem procurado manter relações comerciais equilibradas e argumenta que a medida dos EUA não se justifica. Ele destacou que, dos dez principais produtos importados pelos brasileiros dos Estados Unidos, oito entram no país com alíquota zero. “O Brasil não é problema. Por isso fomos incluídos na tarifa menor, mas não achamos justo isso”, explicou. Ele também adiantou que na próxima semana haverá uma reunião técnica entre representantes dos dois governos para discutir o tema.
O vice-presidente criticou ainda a estratégia de Trump de aumentar tarifas como forma de incentivar a produção interna e atrair empresas de volta aos Estados Unidos. Para ele, essa política é ultrapassada e não condiz com a realidade econômica global. “Isso é uma coisa de meio século atrás, quando se falava em substituir importações e se adotava protecionismo. Mas o mundo é outro”, afirmou.
Apesar das críticas, Alckmin reforçou que o governo brasileiro respeita as decisões de outros países e que sua prioridade é defender os interesses do comércio nacional. “Temos que proteger e defender o comércio brasileiro, então buscar mercados”, concluiu, sugerindo que a resposta do Brasil deve ser baseada na ampliação de parcerias comerciais e não em medidas de retaliação imediata.