Do Metrópoles – candidatos que chegaram ao segundo turno da disputa pela Presidência da República nas eleições de 2022 desperdiçaram a última oportunidade para falar aos eleitores que vão às urnas no domingo (30/10) com muito bate-boca e poucas propostas no debate promovido pela Rede Globo na noite desta sexta-feira (28/10).
Quem assistiu ao evento televisivo ficou sabendo muito pouco sobre os programas de governo do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), e do desafiante, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas passou mais de duas horas vendo os dois se chamando de “mentiroso”, “bandido”, “descompensado”, “abortista” e outros xingamentos.
Atrás nas pesquisas e precisando desestabilizar o adversário para ganhar o embate, Bolsonaro tomou a iniciativa na agressividade e partiu para cima de Lula com tom forte, principalmente nos dois primeiros blocos, enquanto Lula tentava responder com ironia.
Sorteado para iniciar o debate, Bolsonaro até começou com uma novidade, uma promessa nova num assunto que vem machucando sua campanha nesta reta final, o salário mínimo. Acusado por Lula de ter passado o mandato sem dar reajuste acima da inflação, Bolsonaro prometeu um mínimo de R$ 1.400 em 2023, se for reeleito. O valor é quase R$ 100 maior do que o proposto pelo governo ao Congresso.
O atual chefe do Executivo federal começou o debate pelo ponto considerado mais sensível na campanha de Lula, a corrupção. Com gritos, o candidato à reeleição chamou o petista de “bandido” e relembrou os casos descobertos durante a gestão do ex-presidente, como os desvios na Petrobras. Lula respondeu com ironias: “Parece que meu adversário está descompensado”, disse.
Já nos primeiros minutos os dois candidatos começaram a se chamar de mentirosos e trocar acusações. Quando Bolsonaro disse que Lula escondia aliados enrolados com corrupção, Lula trouxe para o debate o caso Roberto Jefferson, aliado do presidente que resistiu à prisão atirando contra policiais no último domingo (23/10).
“Ele sabe quem esconde. Acabou de tentar esconder o Roberto Jefferson, o pistoleiro dele“, disparou Lula, que citou acusações de corrupção no governo Bolsonaro, como o dos pastores lobistas do Ministério da Educação. Bolsonaro não respondeu sobre o tema até o terceiro bloco, quando voltou a ser cobrado por Lula sobre ter escondido o aliado e condenou sua atitude, como já havia feito nas redes sociais: “Quem atira em policial é bandido”.