
O governo brasileiro recusou uma proposta apresentada por autoridades dos Estados Unidos para classificar as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A sugestão foi feita durante uma reunião em Brasília, liderada por David Gamble, representante do Departamento de Estado norte-americano. Os EUA alegaram que a designação permitiria impor sanções mais severas, com base em seu sistema legal, que trata grupos terroristas com maior rigor.
Segundo os americanos, as duas facções já atuam em pelo menos 12 estados norte-americanos, inclusive em grandes centros como Nova York e Flórida, operando principalmente em esquemas de lavagem de dinheiro. Eles também destacaram que 113 brasileiros já tiveram seus vistos negados por suspeitas de envolvimento com essas organizações. A proposta foi vinculada à política da atual gestão de Donald Trump, que busca reforçar o combate à imigração ilegal e ao tráfico internacional de drogas.
As autoridades brasileiras, representadas por membros dos ministérios da Justiça, Relações Exteriores e da Polícia Federal, rebateram a sugestão com base na legislação nacional. A Lei Antiterrorismo brasileira (Lei 13.260/2016) exige motivação ideológica, política ou religiosa para a classificação como terrorismo, o que não se aplica a facções com fins meramente criminosos.
O governo Lula também destacou que o enfrentamento ao crime organizado já é uma prioridade interna, mas que a rotulagem como terrorismo traria implicações jurídicas e diplomáticas indesejadas. A recusa reforça a posição do Brasil de tratar o combate ao narcotráfico como uma questão de segurança pública e não de segurança nacional nos moldes utilizados pelos EUA.