Em uma sessão marcada por manifestações e embates políticos, a Câmara Municipal de Olinda aprovou, nesta terça-feira (8), a concessão do Título de Cidadão Olindense ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A proposta foi aprovada por 14 votos a 1, apesar dos protestos dentro e fora da Casa Legislativa.
A única parlamentar a votar contra foi a vereadora Eugênia Lima (PT), que tentou justificar seu voto, mas foi impedida pela Mesa Diretora, sob a alegação de descumprimento do regimento interno. A atitude gerou críticas dentro do plenário e nas galerias, onde manifestantes contrários à homenagem acompanhavam a sessão.
“Isso é um atentado à nossa democracia. Bolsonaro está sendo acusado de integrar uma organização criminosa que tentou matar o atual presidente, o vice e um ministro do Supremo, além de tentar dar um golpe de Estado. Fico muito surpresa porque Olinda é uma cidade revolucionária. É inadmissível entregar esse título”, declarou Eugênia.
A sessão também contou com a presença da deputada estadual Dani Portela (PSOL), que participou do protesto e defendeu a vereadora petista. Nas ruas próximas à Câmara, manifestantes de movimentos sociais e partidos de esquerda repudiaram a decisão e acusaram os vereadores de desrespeitarem a história libertária da cidade.
A proposta de título foi apresentada pelo vereador Alessandro Sarmento (PL), que justificou a homenagem em nome do “respeito à diversidade ideológica e à democracia representativa”. Para ele, Bolsonaro representa um segmento significativo da população. “Hoje a democracia prevaleceu. Jair Bolsonaro é o mais novo cidadão olindense”, afirmou.
Sarmento chegou a comparar a situação judicial do ex-presidente com episódios históricos de resistência vividos por Olinda. “Essa perseguição que ele está sofrendo é digna do que o povo olindense sofreu no passado, como na Guerra dos Mascates e na luta contra os holandeses”, argumentou.
Curiosamente, na mesma sessão, os vereadores também aprovaram — desta vez por unanimidade — o título de cidadão para o prefeito do Recife, João Campos (PSB), o que evidenciou o contraste político dentro da Casa.
A data da entrega oficial do título a Bolsonaro ainda não foi divulgada. O ex-presidente está inelegível até 2030 e responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.