Apontado pela Polícia Federal como um intermediário entre o governo e financiadores do 8 de Janeiro, em Mato Grosso do Sul, Aparecido Andrade Portela, conhecido como Tenente Portela, esteve 13 vezes no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022, último mês de Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Os registros de visitação à residência presidencial atestam a assiduidade dele no local. Os dados aparecem no relatório final do inquérito da PF sobre o suposto plano de golpe desencadeado por integrantes do antigo governo, após as eleições presidenciais de 2022. Portela é o primeiro suplente da senadora Tereza Cristina (PP-MS), posição ocupada e definida por indicação de Bolsonaro.
A primeira visita dele ao Alvorada, no último mês do governo, ocorreu em 2 de dezembro de 2022, e a última, e 13ª do mês, foi em 24 de dezembro. A sequência de datas chamou a atenção da investigação, visto que o endereço residencial de Portela fica em Campo Grande (MS). Denota-se que ele esteve em Brasília nas últimas semanas do governo, quando os acampamentos bolsonaristas estavam no auge.
Interlocução com financiadores do 8/1
No dia 26 de dezembro de 2022, dois dias após a última visita ao Alvorada, Portela enviou mensagens ao então ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, nas quais, segundo a PF, ele teria mencionado o plano de golpe e a pressão que vinha sofrendo por parte dos financiadores, com quem mantinha contato direto.
Primeiro, Portela perguntou como o presidente estava e complementou, em seguida: “O pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco, pois estão colocando em dúvida a minha solicitação”. A contextualização da mensagem, segundo a investigação da PF, indica que ele “utilizou o codinome ‘churrasco’ para se referenciar ao golpe de Estado”.
Mauro Cid respondeu a Portela, minutos depois, informando que o “churrasco” ocorreria, sim, pois era “ponto de honra”, e acrescentou: “Nada está acabado ainda da nossa parte”.
Com informações do Metrópoles