
Renildo Evangelista Lima, empresário preso pela Polícia Federal (PF) em setembro do ano passado com R$ 500 mil escondidos na cueca, celebrou, em janeiro deste ano, um contrato de R$ 15,8 milhões com o Ministério da Saúde. O acordo, com duração de 12 meses, prevê a prestação de serviços de transporte aéreo ao Sistema Único de Saúde (SUS) na Terra Yanomami, no Norte do Brasil.
Renildo, dono da Voare Táxi Aéreo e marido da deputada federal Helena Lima, conhecida como “Helena da Asatur”, foi detido após ser acusado de envolvimento em um esquema de compra de votos. A deputada é filiada ao MDB, partido aliado de Lula na Câmara, e foi eleita pelo estado de Roraima. Nas redes sociais, Helena exibe proximidade com o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), e com a ex-ministra Nísia Trindade, que deixou o cargo em fevereiro deste ano.
O Ministério da Saúde, questionado sobre o contrato firmado com a Voare, não se manifestou até o momento. A empresa, por sua vez, defende que a operação da Polícia Federal, que resultou na prisão de Renildo e de mais cinco pessoas com R$ 500 mil, foi ilegal.
Na última prestação de contas de sua candidatura, Helena da Asatur declarou um patrimônio de R$ 10,9 milhões e informou possuir 10% das ações da Voare. Ela recebeu R$ 350 mil em doações eleitorais do marido e obteve 10.742 votos nas eleições. Desde que Helena assumiu o cargo de deputada, a Voare tem se beneficiado de contratos vantajosos com o governo federal, sendo o Ministério da Saúde o maior cliente da empresa, com contratos que somam R$ 164 milhões.
Além disso, a Voare fechou um contrato de R$ 46 milhões com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça, em junho de 2024, pouco antes da prisão de Renildo. O Ministério da Defesa também possui um contrato de cerca de R$ 1 milhão com a companhia.
No total, a Voare já recebeu R$ 610,6 milhões da União, além de benefícios fiscais no valor de R$ 11,5 milhões e R$ 3,1 milhões por meio de emendas parlamentares. Desde a posse de Helena da Asatur, em 2023, a empresa celebrou 17 contratos com o governo federal.
A Voare informou que Renildo Evangelista Lima obteve uma decisão judicial favorável que garante sua liberdade e forneceu toda a documentação necessária às autoridades para comprovar a ilegalidade da ação da Polícia Federal.