Da Veja – Lula chegou a atrasar o seu discurso em algumas horas para que mais gente chegasse ao ato convocado por sete centrais sindicais, entre elas as duas maiores do país, CUT e Força Sindical – todas apoiam a candidatura do petista à Presidência. O líder das pesquisas para as próximas eleições presidenciais criticou a alta da inflação e a redução do poder de compra dos brasileiros e mandou um recado para a Bolsonaro.
O petista iniciou o discurso se desculpando pela fala de sábado que repercutiu mal entre a classe policial — na ocasião, ele afirmou que “Bolsonaro só gosta de polícia, não gosta de gente”. “Quero começar fazendo uma coisa que as pessoas não costumam dizer (…) eu queria, na verdade, era dizer que o Bolsonaro só gosta de milícia e não gosta de gente (…) quero pedir desculpa aos policiais nesse país, porque muitas vezes cometem erros, mas muitas vezes salvam muita gente do povo trabalhador, e temos que tratá-los como trabalhador”, disse Lula.
Ao falar sobre economia, o ex-presidente relembrou de seus governos e afirmou que, durante os oito anos de mandato, o salário mínimo teve alta de 77% com inflação dentro da média. Lula criticou, ainda, o atual cenário de aumento descontrolado dos preços, defendeu a garantia de direitos trabalhistas e prometeu que, se eleito, dará um “banho de emprego” no país.
Apesar de dizer que não poderia falar sobre eleições, o ex-presidente cutucou Bolsonaro e disse que, neste ano, “alguém melhor” do que o atual presidente ganhará o pleito — e acenou às centrais, afirmando que, em seu eventual futuro governo, os sindicatos serão chamados a uma mesa de negociação para discutir política de aumento de salário mínimo e valorização da seguridade social e da saúde pública.
Além dos discursos, o evento esvaziado contou com show das cantoras Daniela Mercury e Leci Brandão e os rappers Dexter e KL Jay (Racionais MC’s) e foi o maior e mais aberto evento de campanha de Lula. Até então, o petista se limitava a encontros em ambientes mais controlados, com plateias formadas exclusivamente por simpatizantes, como as idas recentes a assentamentos do MTST (sem-teto) e do MST (sem-terra) e encontros com indígenas, artistas, intelectuais e lideranças sindicais.