O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, criticou nesta quinta-feira (14) a possibilidade de anistia a quem atenta contra a democracia, afirmando que quem defende anistiar golpistas quer “perdoar sem antes sequer condenar”.
O ministro deu as declarações ao comentar as explosões desta quarta-feira (13) na Praça dos Três Poderes em Brasília .
“No curso das apurações, nós precisamos, como país e como sociedade, fazer uma reflexão profunda sobre o que está acontecendo entre nós. Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?”, questionou o ministro.
Barroso fez um discurso na abertura da sessão do Supremo desta quinta-feira – a primeira após o atentado na Praça dos Três Poderes.
Nesta quarta, Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, disparou uma série de artefatos na área em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) – e morreu no local, em seguida, após ser atingido por uma das explosões.
O corpo só foi retirado do local na manhã desta quinta, 13 horas após as detonações. Até o fim da manhã, policiais ainda detonavam artefatos e pacotes suspeitos encontrados em um trailer próximo à Esplanada dos Ministérios e na casa alugada pelo homem no DF.
No discurso que fez na sessão do STF, Luís Roberto Barroso lembrou, sem citar nomes, episódios de ataques às instituições do Poder Judiciário, como ofensas feitas pelo ex-deputado Daniel Silveira e ações de extremistas e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O presidente do STF citou também os atos golpistas de 8 de janeiro e o atentado desta quinta como resultado de discursos de ódio e violência.
Sobre o 8 de janeiro, Barroso disse que “milhares de pessoas, mancomunadas via redes sociais e com grave cumplicidade de autoridades” invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes da República. Ele defendeu punição aos envolvidos e disse que minimizar o episódio incentiva atos semelhantes.
“Algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar sem antes sequer condenar”, acrescentou o presidente do STF.
O magistrado afirmou ainda que a gravidade do atentado desta quarta “alerta para a preocupante realidade que persiste no Brasil: a ideia de aplacar e deslegitimar as instituições, numa perspectiva autoritária de exercício de poder inspirada pela intolerância, violência e desinformação”.
“Reforça também, e sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”, completou o magistrado.
Com informações do G1