Da Veja – Jair Bolsonaro (PL) não acredita em pesquisas — a não ser, é claro, aquelas poucas que lhe são favoráveis. Desde o início oficial da campanha, o presidente e seus principais auxiliares reforçaram uma ofensiva nas redes sociais para contestar os institutos que dão vantagem a Lula (PT) na corrida presidencial, como Datafolha, Ipec e Quaest, e vender a versão de que ele sim, Bolsonaro, lidera a disputa.
Nos últimos dias, o senador Flávio Bolsonaro (PL) fez diferentes postagens sobre uma pesquisa da Brasmarket, empresa que foi tema de uma reportagem recente de VEJA, segundo a qual seu pai tem 43,5% das intenções de voto, muito à frente de Lula, que estaria com 30,5%. “É Bolsonaro no primeiro turno”, destaca uma das mensagens veiculadas pelo filho mais velho do presidente.
Mesmo a coordenação da campanha à reeleição não trabalha com esses números. Seus integrantes usam como base os dados do Paraná Pesquisas, que tem contratos com o PP, partido da base do presidente. Nele, Lula continua em primeiro lugar, mas com apenas 3 pontos de vantagem sobre Bolsonaro. A dianteira do petista na Genial/Quaest é de oito pontos. No Datafolha, de 12 pontos. Não é mera coincidência, portanto, o fato de o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, estar publicando uma série de mensagens ironizando os dados do Datafolha. Faz parte da batalha.
Os bolsonaristas não querem que prevaleça no eleitorado a percepção de que a vitória de Lula é uma questão de tempo. Ao dizer que o presidente cresce ou lidera, eles pretendem manter a base bolsonarista arregimentada e conquistar votos entre os eleitores indecisos, muitos dos quais escolheriam seu candidato levando em consideração qual tem mais chance de vitória. No Twitter, Ciro Nogueira escreveu que o chefe dele ultrapassou Lula em São Paulo e Minas Gerais, o que é rechaçado pelo Datafolha.
Lula também não abre mão das pesquisas em sua campanha. Apesar de os institutos mostrarem que é cada vez menor a possibilidade de o petista ganhar em primeiro turno, ele usa dados favoráveis para conclamar os eleitores de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) a aderirem ao voto útil e optarem por ele logo em dois de outubro. A duas semanas da votação, a batalha psicológica também ganhou tração.