Nascido na Morávia no ano de 1856, Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, acreditava que o sonho refletia os desejos reprimidos do ser humano. Independente da teoria freudiana, o sonho tem o poder de nos fortificar para tentarmos realizar o que almejamos.
Em ano eleitoral, assistimos uma pluralidade de sonhos. Muitos deles inexequíveis quando olhamos o cenário político e também a discrepância entre o sonho e o cargo pleiteado pelos candidatos. Fruto de um quadro em que o maniqueísmo tem se apresentado de maneira acendrada entre os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos, há um discurso motivado pelo sonho de uma candidatura sedimentada que tem recebido o emblema de terceira via. Tal discurso, consegue eclodir principalmente entre os eleitores que não se mostram identificados com à polarização. Entretanto, um dos grandes desafios para robustecer a terceira via, é a falta de unidade.
Não foi debalde que o ex-governador do estado de São Paulo o Senhor João Dória, desistiu da pré-candidatura à presidência da República por falta de apoio dentro do próprio PSDB. Bom salientar, que segundo os meios de comunicação, o apoio não se deu, como forma de retaliação, vez que, o ex-governador praticamente colocou no limbo os quadros históricos do partido. Assim, viu o seu nome preterido pelo da senadora Simone Tebet, filiada ao MDB. Mesmo assim, apesar do fortalecimento da pré-candidata, não há unidade na sigla. Há quem defenda que o partido deve apoiar o ex-presidente Lula e outra parte deseja apoiar o atual presidente.
Em 1989, o PMDB apresentou o já falecido Ulisses Guimaraes como candidato ao Planalto Central. Apesar da força que o partido tinha, Glória do Goitá foi a única cidade que o Ulisses saiu vitorioso. Porém, todos que acompanham e estudam a política nacional, atribuem o resultado aos méritos da liderança local e não ao candidato. O fato é que o quadro polarizado alimenta e fortalece os dois principais pré-candidatos.
Hely Ferreira é cientista político