Por Abraão Fernandes Nogueira
Como jovem advogado, não posso deixar de perceber a proximidade das eleições da OAB-PE e, de forma quase previsível, o desfile de “presentes” que começam a aparecer. Tokens gratuitos e alguns cursos esporádicos são agora as moedas de troca.
São esses os favores que deveríamos aceitar em silêncio, como se fossem esmolas lançadas para apaziguar nossa fome de dignidade profissional?
Por mais que esses “mimos” sejam úteis no curto prazo, devemos olhar além do pão e circo que nos é oferecido a cada ciclo eleitoral. A OAB-PE não deveria ser uma instituição que se limita a alimentar a advocacia com benefícios eleitoreiros; ela deveria ser a fortaleza intransigente na defesa das nossas prerrogativas, um bastião contra os desmandos do Judiciário e a liderança corajosa que promova mudanças estruturais no mercado de trabalho.
Vale lembrar que esses “presentes” não são dádivas de uma política generosa de determinada gestão. São recursos carimbados do orçamento da CAAPE, garantidos pelos próprios advogados e destinados, por estatuto, exatamente para esse tipo de finalidade.
A gratidão pelos pequenos agrados não pode nublar nossa visão crítica nem nos fazer esquecer o verdadeiro papel da nossa entidade de classe.
Não, não estamos sendo ingratos. Estamos sendo lúcidos. A advocacia não pode se contentar com migalhas quando o banquete do poder é servido àqueles que jogam o jogo político.
O que estamos vivendo é um espetáculo mal ensaiado, onde a jovem advocacia recebe ingressos de cortesia enquanto os verdadeiros protagonistas se banqueteiam à mesa dos poderosos.
E enquanto nos entretêm com essas benesses, devemos nos perguntar: é isso que a OAB-PE pode nos oferecer? Pão e circo para nos distrair enquanto a realidade continua amarga?
Será que nossa luta por reconhecimento, dignidade e valorização se esgota em tokens e cursos ou seria o momento de exigirmos mais do que pequenos favores temporários?
Precisamos de uma entidade que não nos trate como plateia passiva, mas como protagonistas de uma advocacia mais justa e respeitada.
É hora de rasgar o véu da complacência. A advocacia pernambucana não precisa de mais um show de promessas vazias, de mais um ciclo de favores que evaporam após o fechamento das urnas.
A renovação que buscamos não é apenas uma mudança de nomes, mas uma transformação profunda.
Queremos uma OAB que saia do papel de distribuidora de agrados e se torne a verdadeira defensora dos nossos interesses, uma OAB que enfrente o Judiciário sem se curvar, que trabalhe por mudanças estruturais reais, não por benefícios de ocasião.
O voto pela renovação é mais do que um gesto político. É a recusa consciente de participar desse espetáculo de pão e circo.
Nós, jovens advogados, não nos vendemos por presentes. Queremos uma OAB que realmente faça a diferença, que abandone os truques eleitoreiros e trabalhe por uma advocacia forte, respeitada e independente.
Que o pão e o circo se despeçam, e deem lugar ao propósito e à justiça; com Almir Reis, é tempo de renovar.