
A crise na educação pública de Pernambuco foi tema de intensas críticas durante uma audiência pública realizada nesta terça-feira (1º) pela Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O encontro contou com a presença do secretário estadual de Educação, Gilson Monteiro Filho, e reuniu um auditório lotado de estudantes, professores, pais e representantes das Gerências Regionais de Educação. Entre as principais reclamações estavam os atrasos na entrega de fardamentos, mochilas e kits escolares, a qualidade da merenda e a falta de climatização das escolas estaduais.
O presidente da Comissão, deputado Waldemar Borges (PSB), cobrou respostas da Secretaria Estadual de Educação e criticou a gestão do setor. “O que ficou claro aqui é que a Secretaria precisa urgentemente fazer com que as coisas funcionem. Não adianta apenas justificar atrasos e apontar problemas burocráticos, é preciso agir”, afirmou Borges.
Em sua defesa, o secretário Gilson Monteiro Filho atribuiu os atrasos a entraves burocráticos e a decisões do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que teriam impactado a execução dos programas. No entanto, Borges rebateu a justificativa. “Se o TCE suspendeu licitações, é porque havia problemas no processo. Isso não pode ser uma desculpa permanente. A Secretaria precisa ser mais eficiente para garantir o mínimo necessário aos estudantes”, declarou.
Outro ponto de insatisfação foi a demora no embarque dos alunos selecionados para o Programa Ganhe o Mundo. Segundo Borges, a indefinição sobre as viagens para o Canadá e os Estados Unidos pode prejudicar cerca de 400 estudantes, que correm o risco de perder a oportunidade do intercâmbio por completarem 18 anos antes da viagem. “Como se deixa algo tão importante sem uma definição clara?”, questionou o deputado.
Os problemas estruturais das escolas também foram alvo de críticas. Apesar da promessa de climatização, a realidade apontada por professores e alunos é diferente do que o governo divulga. “Foi informado que 15 mil aparelhos de ar-condicionado foram adquiridos e que mais da metade das escolas já está climatizada. Mas, na prática, muitas unidades ainda não têm estrutura para receber esses equipamentos”, destacou Borges.
Ao final da audiência, o parlamentar reforçou a necessidade de medidas concretas para resolver os problemas enfrentados pela rede estadual. “Essa audiência não pode ser apenas um espaço para justificativas. A educação do Estado precisa sair do discurso e entrar na prática. O governo tem que resolver esses problemas”, concluiu.