Por Alex Ribeiro, cientista político, jornalista e doutorando em História política pela UFBA – O debate sobre a defesa da democracia ganhou destaque nos últimos anos. Discursos contrários a diversos órgãos públicos e o conflito entre instituições feito por militantes da direita e da extrema direita colaboram para a inquietação que o país vive na comemoração dos duzentos anos de sua independência. Além disso, a carta de apoio à democracia foi ironizada pelo presidente Bolsonaro, o que deixa em alerta a arena política.
O presidente não defende diretamente a ideia de “golpe”, mas o seu eleitorado fiel está disposto a entrar em confronto com órgãos do Judiciário e até o Congresso Nacional. Em segundo lugar nas pesquisas, Bolsonaro ainda não consegue ameaçar o favoritismo do ex-presidente Lula nas eleições deste ano.
Então, como estratégia de sobrevivência, os atos do sete de setembro podem ser a última tentativa do majoritário de crescer nas pesquisas.
Entre as bandeiras levantadas pelo discurso bolsonarista que elevam a tensão do sete de setembro podemos citar: 1 – a pauta moralista em favor da manutenção dos costumes; 2 – o combate à corrupção relacionado a quase toda a classe política; 3 – a propagação contra a esquerda e um falso comunismo a se instalar no Brasil; 4 – a narrativa de descredibilização das urnas eletrônicas (refletidos na falta de confiança desses aparelhos por quase um terço da população (28,6%) segundo pesquisa da CNT/MDA); 5 – e o confronto eterno com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Estes instrumentos usados por Bolsonaro são justificados com a ideia do uso da “liberdade de expressão”. Uma “liberdade” agressiva, que só serve para poucos: os seus defensores. Aos adversários, o seu completo repúdio.
Diante disso, a data simbólica de duzentos anos da emancipação brasileira virou um passeio arbitrário. Nesse caso, parece que a história do tempo presente está detida nas assombrações de um passado que está longe de acabar.