Por Alex Ribeiro – Ao contrário das últimas eleições estaduais, o pleito deste ano tende a ter mais do que duas candidaturas competitivas. Se antes a corrida eleitoral era polarizada entre um candidato do PSB e outro da oposição, o cenário desenhado para 2022 são de alguns quadros com bandeiras diferentes e chances reais de chegar a um eventual segundo turno. Por conta disso, o Partido Socialista Brasileiro deve traçar estratégias diferentes para conseguir se manter no governo.
Antes apontado como favorito nas urnas, o PSB deve enfrentar uma das eleições mais difíceis desde a primeira vitória do ex-governador Eduardo Campos no ano de 2006. Entre as dificuldades que o partido deve enfrentar esse ano é a crise do seu modelo de gestão que levou a reprovação de parte do eleitorado; a saída de membros da Frente Popular, diminuindo assim a aliança antes considerada imbatível; e, sobretudo, a falta de um cacique forte com fácil acesso a outras lideranças, como era o caso do próprio Eduardo Campos – a legenda ainda vive na sombra de seu nome.
Outro ponto contra o PSB é o desconhecimento da população e a falta de experiência como gestor do seu candidato: Danilo Cabral. Isso deve ser utilizado pelos seus principais adversários na disputa.
Diante disso, o partido deve adotar algumas estratégias além das utilizadas nas últimas vitórias no município do Recife e no Governo do Estado. Estruturar uma boa equipe de comunicação com atuação considerável nas redes sociais pode não ser o suficiente. Ter o apoio da maioria dos prefeitos do Estado, como ocorreu em outros anos, não é garantia de sucesso eleitoral.
Na eleição deste ano, a variável eleição nacional provavelmente sufocará a eleição local. Então, DAnilo tem como trunfo o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no seu palanque. Com a alta popularidade do petista em Pernambuco, a aliança com o líder do PT deve ser utilizada em demasia na campanha do candidato do PSB. Nesse ponto, ele leva vantagem aos postulantes que apoiam o presidente Bolsonaro – com alta rejeição na região, de acordo com as últimas pesquisas. Sendo assim, o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), e até o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB) – que já demonstrou simpatia aos bolsonaristas – terão dificuldade na disputa.
Como a eleição nacional estará em evidência, candidaturas como a de Raquel Lyra (PSDB) podem perder força durante a corrida eleitoral. Com a desistência de João Dória para a presidência do Brasil, a tucana agora torce para que a postulante ao Palácio do Planalto, Simone Tebet (PMDB) seja competitiva no pleito. De outro modo, a ex-prefeita de Caruaru precisará traçar outras estratégias e evitar perder fôlego durante a eleição.
A resistência bolsonarista em uma provável derrota pode favorecer o candidato do PSB. Danilo Cabral estará ao lado de Lula e o discurso pró-democracia poderá fortalecer sua campanha. Neste cenário, Danilo pode ganhar protagonismo e rivalizará o pleito com a atual líder das pesquisas: a deputada federal Marília Arraes (SD).
A aposta do PSB é ir ao segundo turno com Marília e torcer para uma vitória de Lula no primeiro turno. Os dois fazem palanque ao líder do PT, mas, nesse caso, a estrutura de campanha do Partido Socialista Brasileiro pode pesar. E a falta do cacique será esquecida, por ora, com a defesa de Lula ao seu próprio legado e, por ironia, em prol também ao espólio de Eduardo Campos – que se tornou oposição ao próprio PT antes de falecer.
Afinal, como argumentou o cientista político John Galbraith “Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”.
*Alex Ribeiro, doutorando em História Política pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), cientista político pela UFPE e jornalista