
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) iniciou uma greve de fome e acampou no plenário 5 da Câmara dos Deputados após o Conselho de Ética aprovar, com 13 votos a 5, um parecer que recomenda a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de agredir um militante de extrema-direita, mas afirma ser vítima de perseguição política por ter denunciado o esquema do Orçamento secreto. Desde a noite de terça-feira (8), Glauber está ingerindo apenas líquidos e permanece acompanhado por assessores, sem se pronunciar à imprensa.
Em rede social, o parlamentar afirmou que sua greve de fome é uma medida extrema e política contra a atuação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a quem acusa de manipular o processo em troca de repasses do Orçamento secreto. Glauber também criticou o relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), e pretende recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O PSOL e o PT anunciaram obstrução dos trabalhos da Câmara como forma de protesto contra a decisão do Conselho.
A assessoria de Glauber afirmou que ele está sendo monitorado por médicos, mantendo a pressão estável e o peso em 91,7 quilos. Ele consumiu apenas isotônico e água na manhã desta quinta-feira (10). A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que inicialmente cogitou se unir à greve de fome, foi dissuadida por colegas e decidiu seguir apoiando a causa por outros meios.
Glauber é um dos principais críticos do chamado Orçamento secreto, mecanismo de distribuição de emendas parlamentares sem transparência. O PSOL já levou o tema ao Supremo Tribunal Federal, que exigiu mudanças na forma de execução desses recursos. Em nota, Arthur Lira negou as acusações de manipulação do processo e afirmou que a denúncia contra Glauber foi apresentada pelo partido Novo, e não por ele ou sua legenda.